segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Domar.

Teu sorriso é meu karma:
quase nunca o vejo
talvez nunca fui motivo

feito sândalo 
eu me sinto
encardido na alma

mas neste peito eu finco
cada sonho
em suas pernas
e cada amor
que lhe atribuo.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Filantropio.

Mesmo que as estrelas deixem de brilhar,
e o sol não apareça para dar desenho as nuvens.
Mesmo que os olhos não transmitam paz,
e os lábios só transmitam palavras de dor,
eu estarei aqui pra te amar.
Mesmo que as pernas fiquem bambas,
as vozes se calem,
os dedos não acariciem,
as mãos não segurem firme,
e os abraços sejam de mentira,
eu estarei aqui pra te fazer feliz.
Mesmo que seu pai não deixe,
que sua mãe me odeie,
e que eu tenha que aparecer a três da manhã,
na janela do seu quarto
Eu estarei lá,
para nunca te deixar se sentir só.
Mesmo que as flores murchem,
que os pássaros não cantem,
e que os olhos não vejam mais a beleza do mundo
Eu pintarei a mais bela tela,
só pra você poder contemplar.
Mesmo que as Filipinas sejam destruídas pelos furacões,
o Iraque pelas guerras,
os Estados Unidos pelo orgulho,
a África pela fome,
e o Brasil pela política,
eu estarei lá para te mostrar o melhor dos mundos.
Mesmo que as crianças chorem,
que as mães peçam ajuda,
que os padres mintam,
que os professores desistam,
que os alunos esqueçam da educação,
que os amigos desapareçam.
Eu estarei lá para te mostrar que dias melhores virão.






Always.

eu não sei se existe lugar pra pessoas como a gente no mundo, mas se você quisesse eu abriria meu corpo pra te colocar dentro dele e te protegeria do tédio dos que não sabem amanhecer.

Because I love and I miss you now.

Perdoa minha incoerência e a mania de repetição. Não tenho coragem de fazer afirmações diretas e termino por dar voltas em torno do mesmo ponto. Quis fazer pedidos absurdos, daqueles que fazemos quando queremos um ombro pra nos escondermos do mundo, mas apelos desesperados nada mais seriam que o pedido de mais uma promessa abstrata. Tenho medos incuráveis e uma dor de cabeça crônica que visita de tempos em tempos, já não penso no sentir como antes, parte de mim se dissolveu n’algum lugar inóspito e há pouco decidi procurá-la. As pessoas tropeçam e ralam os joelhos, então choram como se toda dor do mundo estivesse impregnada em cada célula e precisasse se libertar para serem poupadas da tragédia. Existe um momento único entre tantos outros momentos únicos, e nele nos vemos sozinhos no escuro, então pedimos para por favor, por favor, alguém nos salvar. Você provavelmente encontraria a saída sozinho, com esse ar que debocha das preocupações mundanas. Mas, veja bem, eu não. Me entrego à escuridão como quem transborda por qualquer excesso. Me perdi em devaneios tantas vezes que até hoje não sei responder se encontrei o caminho de volta, e por mais triste e desolador que isso seja, creio que a resposta é não. Meus passos são incertos e qualquer erro de percurso me oscila, você sabe porque decifra as palavras que nego. Finjo que tudo isso é um equívoco teu porque abismos não me são permitidos, então eu calo. Não deveria lhe dizer um terço das palavras que saem da minha boca, mas acontece sem que eu me dê conta. Teus olhos me tiram confissões absurdas e belas, você finge que não sabe, eu finjo que não digo. Me fiz ilusão só para poder viver a realidade sem consequências dolorosas, a verdade é que não sei se existe espaço dentro de mim para mais tropeços. Bonita disse que ainda estou frágil e receio dizer que na verdade sempre estive destinada a virar pó.

Só queria dizer que há esse momento entre tantos outros momentos em que eu estava no escuro e não havia nada além de um par de olhos que tentava enxergar e mãos que tateavam o invisível, então você aparece com meia dúzia de devaneios e teorias sobre porque o mundo é mundo e como lidamos com todas essas coisas para não nos atirarmos do décimo andar. As palavras retornaram gradativamente, como se estivesse aprendendo cada sílaba e significado pela primeira vez e com anseio de interpretações erradas, mas agora já não preciso me explicar, tudo está tão além que qualquer tentativa de traduzir incoerências seriam vãs e equivocadas. Existe aquele momento entre tantos momentos e nos vemos entre abismos de perdição e liberdade, não há retorno gosto demais do extremo para fugir. Você foi o abismo que escolhi me atirar. 




Beocio

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.


segunda-feira, 10 de março de 2014

Vision thing.

Detalhes se perdem na imaginação exacerbada.
O que se passou do lado de dentro se funde ao silêncio de fora.
Não recordo pensamentos que me ocorreram nas cenas em que fui protagonista.
Tampouco sei o que fui, mas o que me tornei por tudo que não fiz.
O silêncio,
Afinal,
É criador de pontos finais.

A vida não passa de meros momentos em espasmos irreais.

Carolina à Céu.

Céu, em mim há um infinito.
Não sei se é maior do que o dos teus olhos, mas, de alguma forma, eles se completam e dançam, como a menina que recebeu a notícia do fim de uma guerra. Eu poderia incessantemente gritar por socorro e pedir colo, mas essa paz que tu carregas na retina, anula qualquer sentença que me oprime.
Ensina-me a ser menos e me carrega no peito como quem carrega destroços de esperança.
Em cada flor, Céu, há uma dor guardada de um sol latente.